A bonita exposição sobre George Méliès e os inícios do cinema, em Madrid, está ganha à partida: um texto escrito sobre um espelho em que o visitante se vê reflectido. O centro do cinema é esse - somos nós, os nossos rostos e os nossos corpos, e é daí que vem toda a sua magia, imaginação, e verdade. Como não ter esperança no homem quando ele próprio é responsável pela invenção desse imaginário? Somos mais do que aquilo que aparentamos, e é naquilo que aparentamos ser que guardamos a nossa capacidade para nos lançarmos ao mundo: amar, criar, e imaginar. Sim, existe algo mais do que a aparência das coisas, e esse mundo desconhecido é algo que criamos e que aprendemos a percorrer. Nada como esse espelho mágico para recentrar o sonho e a realidade dentro das dúvidas e hesitações que camuflam os nossos passos.